Carcinogênese: Oncogenes e Genes Supressores Tumorais na Área da Saúde

A carcinogênese é um processo complexo e multifatorial que envolve a transformação de células normais em células cancerosas. Neste artigo, exploraremos como oncogenes e genes supressores tumorais desempenham papéis críticos na regulação do ciclo celular e na prevenção de tumores. Também discutiremos as implicações clínicas e avanços tecnológicos para o diagnóstico e tratamento de cânceres, com um enfoque especial na área da saúde.

ONCOLOGIA

Por Dr. Higo Nasser

1/23/20253 min ler

O Processo de Carcinogênese

Carcinogênese é o processo de formação de neoplasias malignas a partir de células saudáveis. Esse processo geralmente ocorre em três estágios principais:

  1. Câncer in situ: As células apresentam anormalidades, mas ainda estão restritas ao tecido de origem.

  2. Câncer invasivo: As células invadem tecidos adjacentes.

  3. Metástase: As células cancerosas se espalham para órgãos distantes através dos vasos sanguíneos ou linfáticos.

Esse processo resulta de alterações genéticas acumulativas que afetam genes críticos, como os oncogenes e os genes supressores tumorais. Essas alterações podem ser causadas por fatores ambientais, genéticos ou epigenéticos.

Oncogenes: Aceleradores do Ciclo Celular

Os oncogenes são genes que, quando ativados de forma anormal, promovem a divisão celular descontrolada. Eles são derivados de proto-oncogenes, que desempenham funções normais no crescimento e na divisão celular.

Mecanismos de Ativação de Oncogenes:

  1. Mutções Pontuais: Alteram a função da proteína codificada, tornando-a hiperativa.

  2. Amplificação Gênica: Resulta em uma superexpressão de genes críticos.

  3. Translocação Cromossômica: Move genes para regiões altamente expressas do genoma.

  4. Ativação Viral: Alguns vírus podem inserir seu DNA no genoma humano, ativando oncogenes.

Exemplos de Oncogenes Importantes:

  • RAS: Comumente mutado em carcinomas pancreáticos e pulmonares. Essa mutação mantém a proteína RAS constantemente ativa, promovendo divisão celular.

  • HER2: Amplificado em cânceres de mama, leva a uma superexpressão de receptores de fator de crescimento.

  • MYC: Superexpresso em linfomas de Burkitt devido a translocação cromossômica.

Genes Supressores Tumorais: Os Freios do Ciclo Celular

Os genes supressores tumorais impedem o crescimento celular descontrolado ao atuar como mecanismos de defesa contra danos no DNA. Quando inativados, esses genes permitem que mutações se acumulem, contribuindo para a carcinogênese.

Funções Clássicas dos Supressores Tumorais:

  1. Reparo de DNA: Genes como BRCA1 e BRCA2 corrigem danos no DNA.

  2. Indução de Apoptose: A proteína p53 induz a morte celular programada quando os danos no DNA são irreparáveis.

  3. Controle do Ciclo Celular: A proteína Rb impede a transição da fase G1 para a fase S do ciclo celular.

Exemplos de Supressores Tumorais:

  • TP53: Mutado em mais de 50% dos cânceres humanos. Sua perda permite que células danificadas continuem a se dividir.

  • RB1: Sua inativação está associada ao retinoblastoma, um tumor maligno raro em crianças.

  • PTEN: Comum em cânceres de próstata e mama, regula a via PI3K/AKT, que controla o crescimento celular.

Implicações Clínicas na Saúde

Diagnóstico Molecular

Avanços em tecnologias de sequenciamento permitiram identificar mutações em oncogenes e genes supressores tumorais. Testes como a técnica FISH (hibridização in situ fluorescente) ajudam a detectar translocações cromossômicas como a do cromossomo Filadélfia em leucemias.

Terapias Alvo

  • Inibidores de Tirosina Quinase: Como o imatinibe, que bloqueia a proteína BCR-ABL em leucemias mieloides crônicas.

  • Anticorpos Monoclonais: O trastuzumabe (Herceptin) é usado para tratar cânceres de mama HER2-positivos.

  • Inibidores de Checkpoint Imunológico: Potencializam o sistema imunológico para atacar células cancerosas.

Medicina de Precisão

A genômica tumoral possibilita a personalização de tratamentos baseados no perfil genético do paciente, aumentando a eficácia e reduzindo efeitos colaterais.

Prevenção e Educação

Fatores Ambientais e Estilo de Vida

A exposição a carcinógenos como radiação ultravioleta, tabaco e substâncias químicas aumenta o risco de mutações. Campanhas educacionais que promovam a prevenção podem reduzir a incidência de cânceres.

Triagem e Rastreamento

Programas de rastreamento como mamografias e exames de PSA (antígeno prostático específico) permitem a detecção precoce de cânceres, melhorando o prognóstico.

Considerações Finais

A compreensão dos mecanismos de oncogenes e genes supressores tumorais revolucionou a abordagem diagnóstica e terapêutica do câncer. Tecnologias emergentes e a medicina de precisão prometem avançar ainda mais as possibilidades de tratamento, tornando a luta contra o câncer mais eficaz e personalizada.

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